Os cuidados financeiros que envolvem uma mudança internacional
são importantíssimos. E se for para Argentina ainda mais. Antes de embarcar tive o cuidado de ir ao meu
banco checar que operações poderia fazer com meu cartão e os custos. Sacar
dinheiro tudo bem, sem problemas. Se paga uma taxa bancária pequena, o IOF e
faz-se o câmbio de reais para pesos. Para depositar é mais complicado e não
vale muito a pena porque a taxa para cada operação dessas, que se faz nas casas
de câmbio, supera R$ 100,00 por depósito.
Então, o ideal seria levar uma boa quantidade de dinheiro em
espécie, em dólares. Pode-se cambiar até R$ 10 mil e tivemos que usar todo o
teto e mais alguma coisa para levar o dinheiro da antecipação do aluguel do
imóvel e alguma reserva para primeira semana. Importante: leve o máximo em
dólares para trocar por pesos no câmbio paralelo. Em pesos mesmo só o
suficiente para te levar do aeroporto até o doleiro de confiança mais próximo. A
diferença entre o câmbio paralelo e o oficial é brutal, beira os 40% de
defasagem. Mas cuidado com doleiros desses que se encontra aos montes nas Calle
Florida, pois pode lhe passar dólares falsos.
Ainda assim, no seu banco brasileiro, certifique-se que seu
cartão está desbloqueado para operações internacionais porque você pode
precisar. Eu me certifiquei e mesmo assim tive problemas. Até você ter sua
situação regularizada no novo país demora coisa de duas a três semanas e antes
disso você não poderá ter cheques nem cartões de crédito locais e precisará de
sua conta bancária e créditos brasileiros. Então não cancele nada e saiba que ainda assim passará por
alguns apertos financeiros. Eu passei. E foi logo na nossa primeira semana em
Buenos Aires, que é para dar aquela emoção.
Nossa reserva de pesos estava no fim e sem a situação
bancária ainda regularizada, sem ter como sacar os dólares para cambiar, sem
créditos no cartão internacional – pois usamos os limites para pagar excessos
de bagagens e outras despesas com a mudança – quase tivemos que vender o almoço
para pagar a janta. No dia do aniversário de nossa filha, não tínhamos dinheiro
para fazer nada. Senti-me uma indigente pela primeira vez na vida.
Era um sábado, sem bancos abertos, e andei Buenos Aires
inteira atrás de um caixa eletrônico do Itaú onde eu conseguisse sacar algum
dinheiro (o Itaú daqui é outro banco independente do que existe no Brasil).
Achei vários e todos davam a mesma mensagem: operação rechaçada. Meu cartão não
funcionava, nem o do meu marido. Enfim, estávamos no pior dos mundos. Dividimos um sanduíche em quatro de lanche, com medo de o dinheiro não dar para voltar para casa.
À noite, no conforto do lar e com a cabeça mais fria,
consegui desbloquear pela internet meu cartão, que inexplicavelmente não tinha
sido desbloqueado pelo banco, e lembrei que tinha adquirido, por sugestão da
gerente, um World Travel – um cartão da American Express que não tem custos e
você carrega em dólares, podendo sacar em alguns caixas eletrônicos
pré-determinados. Tinha pegado o cartão para fazer compras no free shop porque
com ele pode-se pagar diretamente em dólar e não se debita o IOF. Acabou sendo a
salvação.
Pela internet, consegui carrega-lo e no dia seguinte fizemos
o saque. No câmbio oficial, perdendo dinheiro, mas pelo menos garantimos o
domingo e podemos, enfim, comemorar o aniversário da Camila. No primeiro dia
útil que tivemos, fomos direto resolver as pendências da conta
internacional. Depois de uma tarde
perdida em questões burocráticas e com um punhado de dólares nas mãos, jurei a
mim mesma e na frente da Casa Rosada: “nunca mais passarei fome na vida novamente”!
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