quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O câmbio que o vento levou...


Os cuidados financeiros que envolvem uma mudança internacional são importantíssimos. E se for para Argentina ainda mais.  Antes de embarcar tive o cuidado de ir ao meu banco checar que operações poderia fazer com meu cartão e os custos. Sacar dinheiro tudo bem, sem problemas. Se paga uma taxa bancária pequena, o IOF e faz-se o câmbio de reais para pesos. Para depositar é mais complicado e não vale muito a pena porque a taxa para cada operação dessas, que se faz nas casas de câmbio, supera R$ 100,00 por depósito.

Então, o ideal seria levar uma boa quantidade de dinheiro em espécie, em dólares. Pode-se cambiar até R$ 10 mil e tivemos que usar todo o teto e mais alguma coisa para levar o dinheiro da antecipação do aluguel do imóvel e alguma reserva para primeira semana. Importante: leve o máximo em dólares para trocar por pesos no câmbio paralelo. Em pesos mesmo só o suficiente para te levar do aeroporto até o doleiro de confiança mais próximo. A diferença entre o câmbio paralelo e o oficial é brutal, beira os 40% de defasagem. Mas cuidado com doleiros desses que se encontra aos montes nas Calle Florida, pois pode lhe passar dólares falsos.

Ainda assim, no seu banco brasileiro, certifique-se que seu cartão está desbloqueado para operações internacionais porque você pode precisar. Eu me certifiquei e mesmo assim tive problemas. Até você ter sua situação regularizada no novo país demora coisa de duas a três semanas e antes disso você não poderá ter cheques nem cartões de crédito locais e precisará de sua conta bancária e créditos brasileiros. Então não cancele nada e saiba que ainda assim passará por alguns apertos financeiros. Eu passei. E foi logo na nossa primeira semana em Buenos Aires, que é para dar aquela emoção.

Nossa reserva de pesos estava no fim e sem a situação bancária ainda regularizada, sem ter como sacar os dólares para cambiar, sem créditos no cartão internacional – pois usamos os limites para pagar excessos de bagagens e outras despesas com a mudança – quase tivemos que vender o almoço para pagar a janta. No dia do aniversário de nossa filha, não tínhamos dinheiro para fazer nada. Senti-me uma indigente pela primeira vez na vida. 

Era um sábado, sem bancos abertos, e andei Buenos Aires inteira atrás de um caixa eletrônico do Itaú onde eu conseguisse sacar algum dinheiro (o Itaú daqui é outro banco independente do que existe no Brasil). Achei vários e todos davam a mesma mensagem: operação rechaçada. Meu cartão não funcionava, nem o do meu marido. Enfim, estávamos no pior dos mundos. Dividimos um sanduíche em quatro de lanche, com medo de o dinheiro não dar para voltar para casa.

À noite, no conforto do lar e com a cabeça mais fria, consegui desbloquear pela internet meu cartão, que inexplicavelmente não tinha sido desbloqueado pelo banco, e lembrei que tinha adquirido, por sugestão da gerente, um World Travel – um cartão da American Express que não tem custos e você carrega em dólares, podendo sacar em alguns caixas eletrônicos pré-determinados. Tinha pegado o cartão para fazer compras no free shop porque com ele pode-se pagar diretamente em dólar e não se debita o IOF. Acabou sendo a salvação.

Pela internet, consegui carrega-lo e no dia seguinte fizemos o saque. No câmbio oficial, perdendo dinheiro, mas pelo menos garantimos o domingo e podemos, enfim, comemorar o aniversário da Camila. No primeiro dia útil que tivemos, fomos direto resolver as pendências da conta internacional.  Depois de uma tarde perdida em questões burocráticas e com um punhado de dólares nas mãos, jurei a mim mesma e na frente da Casa Rosada: “nunca mais passarei fome na vida novamente”!

Nenhum comentário:

Postar um comentário