quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Hasta la vista, Fábio!


Fábio no Aeroporque, voltando para o Brasil
Ainda lembro do que senti no dia que testemunhei o meu filho Fábio, com seus cinco ou seis anos, dar suas primeiras pedaladas na bicicleta sem rodinhas. Foi uma emoção indescritível vê-lo guiar firme até o pai, depois de muito cair e de vencer o medo de andar sem proteção. Recordo que segurei a bicicleta pelo selim e disse a ele que seguisse sem olhar para trás que eu iria segurar, mas logo nas primeiras pedaladas, quando senti que tinha adquirido equilíbrio, o larguei e mantive o incentivo. Ao perceber que estava só, ele ganhou confiança em si e seguiu adiante. Afinal, não tinha escolha.

Jantar de despedida
Ao deixar meu filho, hoje já com seus quase 19 anos, no Aeroparque de Buenos Aires para regressar ao Brasil, tive a mesma sensação. Depois de passar duas semanas conosco na capital argentina e de ver suas opções por aqui, ele decidiu que o melhor seria retornar ao Brasil e terminar os estudos para não se atrasar ainda mais. Assim como fiz quando criança, mantive o incentivo e o soltei. E lá foi ele, sozinho. Desta vez por opção própria.

Uma vida de muitas mudanças como é a minha realmente não favorece os filhos, principalmente quando estão na reta final para entrar no ensino universitário. Relutei bastante em deixa-lo no Brasil, longe dos meus olhos, e o trouxe comigo para que estudasse por aqui porque pensei que seria uma boa experiência. Ledo engano... A grande experiência ele começará a viver agora, por conta própria, em São Paulo, na casa do tio.

Estar numa cidade diferente, tendo que administrar o pouco dinheiro que recebe e sem ter o conforto do pai e da mãe, o obrigará a encontrar seus próprios métodos, fazer suas escolhas. Claro que está tendo a grande ajuda do tio, mas longe do olhar e também da pressão maternal, o movimento passa a ser totalmente de responsabilidade dele. É que mesmo sem querer, acabamos decidindo por nossos filhos e os acomodando.

O vinho escolhido para selar o momento: muy bueno!
Enquanto estamos segurando pelo selim, eles caem, desequilibram, fazem corpo mole. Quando se veem sós, sem as tais rodinhas, parecem que apuram o foco, seguem em frente, sem olhar para trás porque se caírem, só o chão lhes resta.

Risoto com queijo azul foi o prato escolhido
Está é a primeira vez que me separo de um dos meus filhos. Para mim, agora, sempre faltará um prato à mesa, alguém para acordar de manhã repetidas vezes, para mandar descer com os cachorros. Faltarão os olhos (lindos!) que reviram quando contrariados. A casa estará um pouco menos bagunçada e sobrará um quarto. Mas essa sensação de vazio aos poucos dará lugar a uma saudade sossegada. Tranquiliza-me saber que ele está conquistando seus objetivos, está crescendo. O principal eu lhe dei e ele levará sempre consigo: a educação, que o tornou a pessoa incrível que é, e o meu amor incondicional.

Vou aguardá-lo nas próximas férias. Até lá, colecionarei lugares e coisas que gostaria de mostrá-lo porque ele pode não está aqui fisicamente, mas sua presença é uma constante em meus pensamentos.

6 comentários:

  1. Marthica, me emocionei!
    Saudades de você...
    beijos, Karla Queiroz

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  2. Saudades de você também, minha querida! Se vier por Buenos Aires fale comigo!! Fico feliz de ter você como minha leitora!

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  3. Martha, que linda declaração! Chwia de saudades, mas ao mesmo tempo segura da educação legada. Me emocionei até pq um dia, também terei que "soltar o selim" por uma segunda vez.

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    1. É verdade. Essa hora chega para todo mundo. E é bom que chegue. É prova de amadurecimento para os dois lados.

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  4. Que grande passo para o Fábio! Imagino o que vc está sentindo, Martha! Também estamos passando por isso, pois no final do ano nosso Yvan irá para o Canadá.Na volta, não morará mais conosco, pois tudo correndo de acordo com nossos planos, deverá fazer o terceirão morando com a irmã, em Curitiba. O tempo passa...nossos filhos voam...

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    1. Eu sei. Nossos filhos não são nossos. Nos são emprestados.

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