quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Natal em Buenos Aires


Galeria Pacífico na Florida: um raro frescor de Natal na cidade
Aqui em Buenos Aires, se não fosse por poucas lojas que expõem artigos natalinos em sua vitrine, você nem saberia que é Natal. Aqui não vi grandes decorações públicas nas ruas ou qualquer movimentação a respeito. Nem mesmo as propagandas da televisão são tão emotivas. O que me surpreendeu. Eu, que adoro Natal, senti falta até da Simone cantando “Então é Natal...” só para você ter ideia do nível de abstinência.

Aqui eles reservam esta data para realmente comemorar em família. E sem parentes ou velhos amigos por perto, a saudade aumenta. E tenho que dizer que senti também muita falta do... Panetone de chocolate. Aqui eles têm o torrone, que acho horrível, e o “pan dulce” que é um parente panetone, feito de frutas e castanhas, que não pode faltar de jeito nenhum. Mas o de chocolate, acho que é uma invenção brazuca mesmo, que não é muito chegado nas frutas cristalizadas. No máximo você terá que se contentar com um de doce de leite que encontrei na Havanna. É o que tem para hoje.

Programa de Natal aqui é fundamentalmente ficar em casa com a família. Tem um monte de restaurantes que oferece ceias variadas, mas até para isso eles são meio lentos e indecisos. Os cardápios, preços e etc só começam a ser definidos lá para segunda semana de dezembro e para quem quer se programar para vir, fica difícil. Talvez uma ida a Terra Santa, que é um parque temático ao estilo de Fazenda Nova, em Recife, Pernambuco, pode ser bacana, que é para lembrar de quem é de fato o dono da festa.

O problema é que Buenos Aires ferve nessa época. E não é eufemismo. As temperaturas chegam a 38 graus, um sol de rachar a moleira, um bafão que te dá até uma “fiaca” de sair de casa... A cidade fica em alerta vermelho por conta das “olas de calor”. Falta luz, água e este ano teve até saques em lojas e supermercados em muitas localidades, sinais mais aparentes de que crise, Natal e calor é uma combinação que deixa as pessoas meio loucas.

Quem pode, vai embora para as praias argentinas, uruguaias, brasileiras ou Punta Cana, que parece ser o destino da moda por aqui este ano, e a cidade, aos poucos, vai esvaziando. Quem fica, espera anoitecer para fazer alguma coisa e a cidade depois das 20h fervilha. Para se ter uma ideia, no dia 23 tem a “Noite dos Shoppings”, quando os principais centros comerciais ficam abertos até as 4h da madrugada, fazendo queimas relâmpagos que podem chegar a 50% do preço da etiqueta. É uma farra consumista.

Ao final, decidimos que passaríamos em casa. E pela primeira vez em muitos anos, passamos o Natal só nós quatro: eu, marido e filhos. E não foi nada mal. Acostumada a receber gente nessa época ou a ir a festas nas casas de amigos e parentes, achei que iria estranhar... Mas não. Fiz uma ceia gostosa, coloquei uma mesa linda, nos arrumamos, brindamos, trocamos presente e foi muito gostoso. A meia-noite, a vizinhança, que até então parecia indiferente a data, iniciou uma queima de fogos em diversos pontos, que podemos acompanhar do alto do nosso edifício.

Hoje, dia de Natal de fato, fiquei pensando no que poderia dar de presente aos argentinos e aos brasileiros. Coisas que os dois povos, certamente gostariam de receber um do outro. Por exemplo: o Lula, o nosso ex-presidente. Eles aqui o amam! Eu o enviaria em um belíssimo papel de presente. E nem precisariam nos dar nada em troca. Aliás, seria um favor não retribuir.
Inesperada queima de fogos meia-noite

Eu daria, aos meus amigos brasileiros, Bariloche, e em troca mandaria Búzios para os argentinos, ambos já estão sendo invadidos de qualquer maneira mesmo pelos dois. Seria legal ter no Brasil um balneário para esquiar de vez em quando, tomar chocolate quente. Eles nos deram um presentão esse ano, que foi o Papa Francisco. E tem outro presente que eles iriam adorar, mas esse não vai dar... A Copa. Devolvemos o papa, não tem problema. Alguém terá que dar consolo espiritual para eles no próximo ano.

Provocações futebolísticas a parte, a verdade é que só desejo coisas boas para os argentinos que tão bem me receberam – uma caipirinha para aliviar a tensão, dois beijinhos ao invés de um só, sandálias Havainas e coxinha com Catupiry. Para os brasileiros o cheiro de jasmim que invade Buenos Aires, um amor intenso como um Malbec e uma vida doce, como um alfajor.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Que tal um podrão?

O prato é um clássico americano, mas encontrou na carnívora Argentina apreciadores de primeira linha. “Las hamburguesas com papas” são uma paixão entre os “pibes” e não tem restaurante aqui que não ofereça um bom podrão. E não há como negar, tem seu valor! As opções são muitas. Mc Donalds e Burguer King, que aqui, como em outras partes do mundo, têm seus diferenciais (hambúrgueres de três andares, coisas monstruosas!) nem vou contar. Eu nem de perto conheci a metade das opções, mas já tenho alguns lugares que posso dizer que são diferenciados e valem o post.


Nac & Pop: preços baixos e irreverência
Nacional e Popular

Os argentinos também têm sua própria cadeia de fast food que faz do pouco caso com maior símbolo americano, o Mac Donalds, seu maior e melhor marketing. Com o slogam "Soy Nac, no Mac”, a cadeia Nac & Pop a La Plancha , abreviação de nacional e popular, se gaba de ser ao alcance de todos e de fazer o que o povo daqui gosta: tempero criollo (de campo, caseiro), muita carne e bondiola (um tipo de fiambre de porco).

Picância "putíssima"
No cardápio a descrição dos sandubões já adverte que a autenticidade ali não tem meias palavras. Os hot dogs são feitos com salsichas (panchos) e linguiças (choripanes) com 100% de carne, servidas defumadas e com pele! Como eles mesmos gostam de frisar! É coisa para gente sem frescura. Os queijos são de verdade e não plástico fundido (outra provocação que está descrita no cardápio) e os pães são de fabricação caseira. Os molhos têm graduação de picância que vai de “putíssima” à “puta madre” e são oferecidos à vontade, assim como as batatas fritas. E claro, servem bebidas alcoólicas e estão abertos 24h.


Podrão feito feito na chapa sem frescura
É lá que está um clássico da pachorra da madrugada portenha, aquela fome que assola logo depois da balada. O Paty Bajón vem com hambúrguer caseiro maxi, maionese, presunto e queijo – combinação preferida por essas bandas e que pode ser degustada por módicos AR$ 30,00 (dá menos de R$ 10,00). Os nomes dos sandubas aludem às tradições e personalidades populares da argentina, como La Pulga (Messi), El Diego (Maradona), Cumpassita, Milonguera entre outros. Os preços não ultrapassam AR$ 40,00. Vale a pena conhecer.

Hambúrguer gourmet

Mad: hamburgueria gourmet e ótimo point para drinks
Na outra extremidade a do Nac &Pop está o Mad. Com uma decoração metaleira ao estilo Easy Rider, o Mad é uma hamburgueria gourmet cheia de bossa e com ótimas opções de drinks. Uma Harley Davidson original e intacta exposta bem na vitrine do bar dá o tom da decoração: moderna e cheia de peças mecânicas e objetos antigos de quem certamente é um colecionador e apaixonado por motos. Tudo combina perfeitamente ao balcão de mármore às prateleiras iluminadas para destacar a seleção de bebidas de primeira linha.

Queijos e carnes nobres
Lá é possível comer até hambúrguer de carne de codeiro ou salmão, há alguns com queijos nobres como o gruyere e o acompanhamento vão das tradicionais batatas fritas aos anéis de cebolas ou ainda aboboras fritas. Os drinks que a casa oferece são um caso a parte e te convidam para mais que uma “boquinha”. É um lugar para badalar um pouco. Ver gente bonita e jovem, enquanto come e estende a noite. O preço é mais salgado para acompanhar a proposta, que é diferenciada.

De volta ao passado

Muu Lecheria: charme dos anos 50 e 60
No coração de Palermo Soho, em meio ao burburinho da Plaza Armênia, está a Muu Lecheria. Uma lanchonete que parece que saiu do filme De Volta para o Futuro. Balcão com cadeiras giratórias estofadas, toalhinhas quadriculadas, seguindo o estereótipo das décadas de 50 e 60 e música ambiente também temática. Até o papel do serviço americano é de uma banda que fez sucesso por essa época.

Para ir com a família toda e com os mascotes
A fila que se forma na entrada já revela que o lugar é disputado. Não só por causa dos hambúrgueres, mas por todo resto que eles servem lá. Panquecas americanas, waffles e um milk shake dos deuses de lindo e gostoso!!! É desses que servem para qualquer ocasião: café da manhã, almoço, jantar, lanche da tarde.

O preço é bem honesto e é para ir com toda família, junto com o gato, cachorro e o periquito porque o lugar ainda é petfriendly. Bichinhos de até 50 centímetros de altura são bem-vindos e eles oferecem bebedouros para os cachorros, que podem ficar na área externa. Programinha sem erro de sábado a tarde!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

L'Orangerie: requinte e tradição

Os salões do Hotel Alvear são relíquias dos tempos de ouro da sociedade argentina – la Belle Époque . Construído em 1932, aos moldes dos hotéis Ritz em Paris e Londres, o hotel está localizado no coração de um dos bairros mais tradicionais e nobres de Buenos Aires, a Recoleta, e não pode faltar nos roteiros de viagem de luxo, sendo um dos integrantes da cadeia The Leading Hotels of the World.  Durante três décadas – 30, 40 e 50 – quem queria ver e ser visto tinha que obrigatoriamente participar de seus chás da tarde, saraus e bailes. O Alvear está para Buenos Aires como o Copacabana Palace está para o Rio de Janeiro.

Minibagels de salmão. Meu preferido.
É lá que está o restaurante L’Orangerie que, seja pela beleza do Alvear ou pela oportunidade de fazer você voltar no tempo, se tornou um ponto obrigatório para quem visita a cidade, seja para disfrutar do brunch aos domingos ou para o tradicional chá da tarde, servido há mais de 70 anos por garçons e garçonetes com suas luvas brancas, como manda a tradição.
Evento para reunir amigas

Além do salão com decoração requintada, com lustres de cristal, as mesas também estão espalhadas pelo famoso jardim de inverno – Jardin d’Hiver - que permite a passagem da luz natural, tornando o ambiente ainda mais único e especial.
Além dos talheres e todo serviço de prata, o chá servido em louças estilo antigo confere ainda mais charme à ocasião. Tudo é minuciosamente pensado e cuidado para agregar requinte, o que torna a parte gastronômica em si, um detalhe.   


Ambientação perfeita
Não que os petit fours sejam ruins, longe disso. Mas se a intenção é provar da melhor pâtisserie de Buenos Aires, eu diria que não vale o preço que cobram porque existe um número infindável de cafés na cidade onde é possível tomar um chá com bolos, brioches, tão bons ou mais, pagando muito menos. Também o serviço não é estilo bufê. Vem uma variedade de cada iguaria e não há reposição e o que pedir a mais será cobrado a parte. Mas tenha em vista que a proposta é outra e mesmo achando outros chás mais fartos e baratos, nenhum outro terá o mesmo simbolismo e glamour, certamente.

São duas opções de cardápio e o que diferencia um do outro é basicamente o preço, que aumenta se você quiser tomar uma taça de champanhe. Você pode escolher chocolate quente, café e suas variações ou chá – inclusive há um blend exclusivo que leva o nome do hotel feito com chá preto, amêndoas e pétalas de rosas. Para acompanhar, finger foods doces e salgados, com destaque para os scones fresquinos e mornos – mais inglês impossível. 
Cuidado nos detalhes: um mini porta adoçante


O chá do Alvear é servido diariamente de 16h30 até às 19h, exceto aos domingos, que começa às 17h porque o brunch vai das 12h30 até às 16h. Convêm reservar uns AR$ 300,00 por pessoa para a brincadeira e faça a reserva antes. Em Reais, dependendo do câmbio, sai menos de R$ 100,00, então vale a pena.

Reveillon 2013


Vale dizer que o Alvear já lançou o seu pacote de Reveillon de gala 2013. Gala mesmo! Com direito a três noites com café da manhã, recepção de queijos e vinho ceia completa onde o traje é smoking e dresscode. Os preços variam de USD 781 a USD 983, dependendo da categoria do apartamento escolhido, mais 21% de imposto. Isso é que eu chamo de passar o Ano Novo em grande estilo.

Todas 'muy cnacheras' com o maítre

sábado, 5 de outubro de 2013

Para tomar um bom trago escondidinho

Floreria Atlantico: speakeasy no melhor
estilo novaiorquino
Buenos Aires, com suas construções centenárias e um certo clima noir nas ruas, é o cenário perfeito para uma moda muito nova-iorquina: os speakeasy, aqueles lugarzinhos escondidos, sem qualquer letreiro, que os “locais” sabem que existe e vão fazendo a propaganda boca-a-boca. Assim é o Floreria Atlantico, um bar que fica no subsolo de uma floricultura no centro da cidade, que vende além de flores, discos de vinil. 

Para acessá-lo é preciso entrar na floricultura e descer uma espécie de alçapão, como se você estivesse entrando num esconderijo de gangsteres, em plena lei seca. Dentro, a sensação é que estamos em um barco naufragado, úmido, com iluminação precária, mas que na verdade se trata de uma desconstrução muito bem estudada. Do lado de fora, com exceção de uma fila de espera, nada indica que ali está um dos melhores barmen de Buenos Aires, talvez o melhor, Renato Giovanoni, conhecido como Tato. O lugar está na quinta colocação do ranking gastronômico do Clarin.
Aniversário de Míriam em grande estilo 
Míriam e Tato, o mestre das misturas etílicas

E a oportunidade para conhecer o bar não podia ter sido melhor. Minha amiga brasiliense, Miriam Brunet, resolveu comemorar seu aniversário comigo, em Buenos Aires, e achei que um bom brinde poderia marcar a data com louvor. E se não fosse o santo forte que acompanhou Miriam durante toda sua visita, nossa aventura teria acabado na porta de entrada. Para conseguir uma mesa, a reserva teria que ter sido feita com pelo menos dois dias de antecedência.

Insistente que somos, resolvemos entrar e disputar um lugarzinho no balcão, repleto. Do nada, Miriam, que detalhe, não fala uma palavra em castellano, logo conseguiu ‘negociar’ com um frequentador, que amava o Brasil e já estava de saída, três lugarzinhos estratégicos, em frente ao caixa. De quebra, conseguimos ser atendidos, em português, pelo próprio Tato, que em consideração ao “cumple” de nossa visita, lhe fez um drink super diferente, com gin, pepino, pomelo, e que estava uma delícia. Nem tinha nome, fez ali na hora para ela.
Gin Principe de
los Aposteles

Vale dizer que o gin de lá é uma criação do próprio Tato, feito com erva mate, pomelo rosado e eucalipto – a mistura não poderia ser mais argentina. Eu experimentei um drink chamado Madame Ivonne, feito com champanhe Chandon Brut e mais algumas outras coisas que minha mente etílica não deixou registrar, mas que eu garanto: estava maravilhoso.

Blood Mary: detalhe do copo
O Blood Mary que Ricardo pediu veio temperadíssimo (drink para macho!) e foi servido em um vidro de geleia e com bombilla de mate – um charme. Pedimos mais um drink cada um e todos ótimos.

Para completar, de uma parrilla a lenha saem algumas delícias do fundo mar, como o polvo com limão e batatas que pedimos de entrada e um peixão assado que dividimos entre os três. Tem opção de carne também, lógico. O custo não pode se dizer que é uma pechincha – gastamos em torno de AR$ 150,00 por cabeça, tendo cada um tomado dois drinks e mais a comida, daria uns R$ 50,00 por pessoa, mais ou menos. Para brasileiro sai em conta e o benefício vale muito a pena.
Peixe na parrilla


O serviço é bom, os garçons atenciosos e simpáticos, mesmo com o bar lotado. E Miriam, com o sorriso brasileiro marca registrada, quis agradecer e perguntou o nome do rapaz que nos servia. Ele, respondeu de pronto: “yo, Martin”. E ela, emendou, “foi um prazer, Chômartin, obrigada!”. Ele deu a melhor risada da noite e nós todos também. Bom humor é um idioma universal e não tem preço!



Detalhe do drink criado para o niver de Miriam

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Para não dizer que não falei das flores...

Ponte curva do Jardin Japonês
Buenos Aires é repleta de praças, parques e jardins e eles constituem um traço marcante no estilo de vida da cidade. O portenho se apropria com muita desenvoltura desses espaços. Seja qual for a estação, basta que o sol aponte no céu que haverá, sem dúvida, um argentino estirado na grama fazendo a “ciesta”, tomando um mate, praticando alguma atividade esportiva ou brincando com seu cão. E especialmente nessa época do ano, quando a primavera traz dias com temperaturas mais quentes, cada espaço de grama torna-se tão disputado quanto as areias do Leblon.

Jardim de bonsais
Entre tantas opções para conhecer e desfrutar, eu destacaria dois espaços que eu considero verdadeiros oásis em meio ao burburinho de Palermo: o Jardín Japones e o Rosedal, todos dois são extensões do Parque 3 de Febrero, o mais importante da cidade. Não é possível passar por Buenos Aires e não reservar um dia para visita-los. Mais protegidos, com acessos monitorados, os dois jardins estão muito bem conservados. Neles não é possível fazer piqueniques ou passear com animais, como é facultado na maioria dos parques locais, mas são lugares essencialmente para contemplação.

Jardín Japones

Delicadeza das sakuras
Construído em 1967 por ocasião da visita à Argentina do então Príncipe herdeiro Akihito, atual Imperador do Japão, é no Jardín Japones que se desenvolve uma série de atividades para promoção da cultura japonesa em Buenos Aires e sua agenda é sempre muito variada. Vale conferir.

A entrada é paga e é revertida para a Fundación Cultural Argentino Japonesa, que administra o espaço, declarado em 2008 “Bien de Interés Histórico- Artístico Nacional”.

Como em todo jardim japonês, nada está ali por acaso. Tudo tem um sentido, uma explicação, com o intuito final de proporcionar equilíbrio. Tem pontezinha, ilhas, muitos laguinhos, carpas e mais carpas, elementos tradicionais da cultura japonesa como o bonsai, as lanternas e um pagode de pedra de 13 andares, peça usada para adornar templos budistas e guardar relíquias. E claro, não poderia faltar, um corredor de sakuras. Se tiver a sorte de pegá-las floridas, ai, então, a beleza é completa. Eu peguei em julho.

Dentro do jardim tem lanchonetes e uma casa de chá, que funciona como restaurante típico, muito bom, que vale principalmente pelo ambiente e pelos chás: experimente o verde com jasmim e o de trigo tostado.
Mais de 14 mil espécies de rosas

Rosedal

Numa área de três hectares dentro da Plaza Holanda, cercada e rodeada pelo lago, está o Rosedal. Com mais de 14 mil rosais de variedades diferentes, das quais algumas espécies florescem o ano todo, é logicamente na primavera que o jardim esbanja exuberância. Sua visita no dia 21 de setembro é quase obrigatória para os argentinos.

Por trás de tanta beleza há uma explicação histórica para esse jardim de rosas. Antes mesmo de sua criação, o local já era conhecido como Rosedal porque era ali que, em 1852, estava a casa do então governador de Buenos Aires, Juan Manuel de Rosas. Com a sua queda, depois da conhecida Batalha de 3 de Febrero, da qual o Brasil fez parte junto com o Uruguai, a casa foi demolida para dar espaço ao rosal.

Puente dos Enamorados
Para acessá-lo, é preciso passar pela Puente de los Enamorados, toda branca, em estilo grego, faz um conjunto arquitetônico pra lá de romântico com as pérgulas do Pátio Andaluz. O pátio foi um presente da cidade Sevilha em 1929. A entrada no Rosedal é franca.

Símbolo do amor, o Rosedal também resguarda o Jardin de los Poetas, onde estão 25 esculturas de escritores famosos no mundo, entre os quais Shakespeare, Dante Alighieri, Garcia Lorca. Fiquei imaginando que aquele poderia ser o jardim cantado por Cartola, afinal ele eternizou muito bem essa relação entre o amor e as rosas.



sábado, 7 de setembro de 2013

Amigos de aluguel

Se você me perguntar se quero viajar, antes mesmo de conseguir terminar a frase eu já estarei com as malas prontas. Mas se tem algo que me desanima totalmente é a tal da viagem em excursão. A não ser que seja um grupo de amigos e que a “juntada” não dure mais do que um final de semana, qualquer ideia de seguir um grupo de pessoas estranhas que fazem tudo igual, visitam as mesmas coisas, comem nos mesmo lugares e tem horário contado para visitar até museu, me parece tudo, menos sinônimo de algo legal.

Quando vou a algum lugar procuro dicas de quem já foi, blogs, matérias especializadas e monto roteiros de onde ir, o que comer, onde se hospedar para tentar viver uma experiência mais próxima da realidade local. Mas a melhor viagem é sempre aquela que a gente pode contar com um amigo "da área". Estar com alguém que conhece “as boas” do lugar, o que está em alta, as “furadas” e poder mergulhar no universo dos costumes locais, fazer e comer coisas que os nativos fazem e comem é, para mim, uma experiência que não tem preço. Mas a verdade é que tem.


É possível ter um amigo local em muitos dos destinos internacionais mais cobiçados, incluindo Buenos Aires, e até muitos estados brasileiros.Basta alugar um. Isso mesmo, procure um serviço de um Rental Local Friend – um amigo de aluguel que pode fazer um roteiro sob medida para seus interesses, desvendando segredos e curiosidades do destino. No site é possível selecionar amigos a partir do seu destino, língua e interesses em comum. Por US$ 100 dá para fazer um roteiro com um Local Friend na capital argentina.

Se você quiser ir mais além nesse mergulho na cultura local, que tal ir jantar ou almoçar na casa de um autêntico nativo? Não conhecer alguém que lhe convide não é mais problema. Hoje em dia já é possível viver a experiência de comer algo típico em uma autêntica casa de um local para descobrir mais sobre seus costumes e gostos, graças a uma comunidade global de pessoas que são amantes da boa mesa, e se dispuseram a abrir suas cozinhas para receber turistas, chamada EatWhith.

Em Buenos Aires é possível viver experiências como jantar na casa de um casal de argentinos dançarinos profissionais e ter uma aula exclusivíssima, enquanto experimenta delícias locais como empanadas, tapas, um assado. Tem gente especializada em pâtisserie, nas amadas “haburguesas”, milanesas, comida vegetariana e orgânica.

As duas ideias são geniais. E posso dizer, por experiência própria, que um lugar é de um jeito quando se vai como um turista comum e de outro, se tiver a felicidade de conhecer alguém que vive já há algum tempo por lá. É uma questão de querer conhecer a alma do lugar ou apenas se satisfazer com fotos de cartões postais. Se for possível fazer isso de forma “profissional” e ao mesmo tempo amistosa, melhor ainda!

sábado, 24 de agosto de 2013

Fui alí em San Isidro...

Vista do Passeo de Los Três Ombués
Chegou o final de semana e eu estava à toa na vida e chamei o meu amor: “vamos alí em San Isidro”. E não é que ele topou? Decisão acertadíssima porque foi um passeio tão gostoso que repetimos no final de semana seguinte. Pegamos nossas “bicis” e sem qualquer compromisso, fomos até a estação de trem da Juramento. Você pode ir também pelo Tren de La Costa, que é uma linha turística que sai da estação de Maipú e vai até Tigre. Mas obviamente, a linha normal de trem custa infinitamente mais barato, está mais a mão, e os vagões reservam espaço para acomodar as bicicletas.
Catedral deu origem à cidade

San Isidro é uma cidade lindinha que faz parte da Grande Buenos Aires. Sua história está intimamente relacionada à Catedral de San Isidro. O desenvolvimento da cidade só se deu porque o Capitão Domingo de Acassuso, proprietário desse belo pedaço de terra doado por Juan de Garay, recebeu em 1706 a autorização para transformar a capela de sua fazenda em um templo público. Foi entorno do templo que começou a se formar um povoado, dando origem a cidade, que entre os séculos XVIII e XIX viria a se tornar o refúgio de veraneio das famílias endinheiradas de Buenos Aires.

A tal capela é hoje a belíssima catedral. Construída 1895 e reformada recentemente, o templo exibe uma arquitetura neogótica, que te obriga a contemplá-la olhando para o céu, como para lhe lembrar da existência divina. É considerada uma das igrejas mais bonitas da Argentina e ostenta lindos vitrais franceses e alemães que filtram luzes coloridas para dentro da nave central.

O melhor pancho da redondeza

Para uma boquinha, vá ao La Pancha
Como ocorre em qualquer cidade do interior, em frente a igreja há uma pracinha e em San Isidro não é diferente. Saindo da catedral tem a Plaza Mitre, onde todos os Sábados, Domingos e feriados, para não fugir a tradição argentina, há uma feira de artesanato local com roupas, comida, artigos de decoração, acessórios entre outras mil coisinhas.
Pacho com queijo Brie

A cidade oferece uma infinidade de cafés, restaurantes, mas foi lá que comi um dos melhores cachorros-quentes de minha vida. O La Pancha tem salsichas alemãs e austríacas (as da Argentina não são saborosas), e com molhos e acompanhamentos maravilhosos, como queijo Brie e cebolas carameladas. O tradicional Choripan (o cachorro-quente de chorizo) vem com um molho de pimenta doce.

O lugarzinho é pequeno, limpo com um serviço simpático e ainda com uma ótima música de fundo. Parece que você se tele transportou para uma lanchonete alemã descoladinha. O melhor de tudo é que come-se bem e paga-se pouco.

Hóspede de Victória O’Campo

La Porteña
O mais bacana de San Isidro é você buscar as casas-quinta que ainda existe aos montões pela cidade, e algumas fazem parte do casco histórico de San Isidro. Umas viraram museus, outras escolas e outras são propriedades particulares ainda.

Jardim do Museo Beccar
No Passeo de Los Três Ombués, além do mirante que permite uma visão até a Ribeira, estão três quintas que marcam bem essa história e a arquitetura colonial da época: a Quinta Los Naranjos, uma casa privada cor-de-rosa e que poderia estar melhor conservada, a Quinta La Porteña, antiga residência do governador das Ilhas Malvinas, Luis E.Vernet, e o Museo, Biblioteca y Archivo Histórico “Dr. Horacio Beccar Varela”, onde se cantou pela primeira vez o Hino Nacional Argentino.


Mas o imperdível é a mansão da Villa O’Campo, construída em 1891. O casarão que é mantido pela Unesco é esplendoroso por sua história, arquitetura e jardins. O lugar foi a casa de veraneio da família O’Campo e posteriormente (1942) residência de Victoria O’Campo, que a herdou da madrinha - a tia Pancha (já não se fazem mais madrinhas assim...). Intelectual, tradutora, escritora e sempre a frente do seu tempo, Victoria foi a primeira mulher a ter carteira motorista na Argentina e teve a coragem de, naquela época (1920), se separar do marido e viver uma relação secreta -- mas nem tanto -- com o primo dele, que durou 13 anos.

Reduto de pensadores reconhecidos mundialmente, a Villa guarda objetos e móveis originais, inclusive um piano utilizado por Stravinsky, quando esteve na casa como hóspede de Victoria, cadeiras de Le Corbusie, seu amigo, e peças incríveis, moderníssimas, misturadas a móveis de época. Ela passou dois anos na França em lua-de-mel, comprando móveis - presente de tia Pancha.

A mansão recebeu ainda personalidades como Indira Gandhi, Tagore, Roger Caillois, Pablo Neruda e inúmeros outros.

Temos o mesmo gosto só não tive a mesma madrinha
A administração da Villa oferece visita guiada de quarta a domingo, a partir das 14h. Se programe para não deixar de tomar o chá, servido entre 15h30 e 17h30, na cafeteria, que tem mesas internas e para o jardim, com louças e pettit fours que revivem a atmosfera da época de forma deliciosa. A Victoria doou a casa com todos os seus 12 mil livros para isso: manter e efervescência cultural. Inclusive, você pode fazer uso da biblioteca e ver seus exemplares com as dedicatórias.

E foi assim que já posso dizer que fui hóspede da Victoria O’Campo por uma tarde.



Os óculos que viraram sua marca registrada

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Está pensando em viajar para a Argentina?

Então é bom atentar para alguns detalhes. Eu já falei sobre esses pontos em diferentes posts, mas serei um pouco mais didática para não ter que ficar repetindo as mesmas coisas para todo mundo. Assim, aqui vai um miniguia de sobrevivência para os primeiros momentos de sua viagem com as dúvidas mais frequente que recebemos.

Câmbio


O país está passando por uma crise econômica muito atípica que poderíamos chama-la de “parece, mas não é”. O governo divulga números oficiais que não condizem com a realidade e isso afeta diretamente a política cambial.

Como o governo está constantemente intervindo no câmbio e faz coisas que fariam Adam Smith vestir a cueca pela cabeça, é bom verificar constantemente a cotação do Dólar Blue se não quiser perder dinheiro. E o que é isso? É o dólar paralelo. A defasagem entre o Blue e o paralelo já chegou a mais de 60%. Para facilitar, siga este link que dá as cotações sempre atualizadas. http://www.valordolarblue.com.ar

Então, nada de cambiar no Brasil porque, claro, vai pagar o câmbio oficial. Traga dinheiro em espécie, de preferência em dólares. Procurem não fazer uso de cartão de crédito internacional durante sua viagem, pois você gastará muito mais justamente por conta dessa defasagem. Lembre-se que as compras feitas no cartão terão seu valor convertido sempre pelo oficial e mais IOF. Então, organize-se para trazer o dinheiro que vai gastar em dólar para cambiar no paralelo aqui.

Trazer em pesos só o suficiente para o deslocamento do aeroporto até o seu destino. Em geral, 80% das lojas aceitam dólares ou reais. Mas em 60% o cambio é desfavorável em relação as casas de cambio, então é preciso ficar atento à cotação.

Os cartões de débito internacional, tipo Money Card, que são carregados em dólares só são úteis para compras no Free Shop. As lojas não costumam aceita-los. Não são indicados para retirada de dinheiro nos caixas eletrônicos. Os caixas vão lhe pagar em pesos e fazer a conversão pelo dólar oficial.

E por favor, cuidado quando for cambiar. Não aconselho ir na conversa daqueles doleiros que ficam aos montes na Calle Florida oferecendo cambio. Você pode receber notas falsas e sair no preju. Vá numa casa de câmbio estabelecida, direitinho. Para saber mais um pouquinho dê uma olhadinha no post O câmbio que o vento levou...

Saindo do aeroporto

São dois aeroportos: o Aeroporto Internacional de Ezeiza, que fica afastado da capital uns 40 quilômetros, e o Aeroparque que é o Santos Dumont de Buenos Aires. Quando comprar a passagem leve isso em consideração porque um táxi comum do Ezeiza até a cidade custa em torno de uns AR$200,00 enquanto que no Aeroparque você vai gastar em torno de 60,00. Então verifique se a diferença de preço da passagem compensa esse gasto.

Táxis
Alguns cuidados devem ser tomados com os taxistas, caso seja essa a sua opção de transporte. Se estiver com pesos, preste atenção ao entregar notas de 100 ou 50 pesos ao condutor, pois existe a possibilidade de ele substituir a sua nota por uma outra falsa e dizer que você a entregou. Um golpe básico, muita gente disse que já caiu, mas eu, francamente, nunca tive essa infelicidade. Em Buenos Aires não, mas no Chile sim!

Para resolver esse problema duas coisas podem ser feitas - mostrar a nota contra a luz na frente dele, de forma a evidenciar a marca d´água ou decorar o número de serie da nota e caso ele aplique o golpe peça que ele te devolva a nota com aquele numero de serie. Caso ele recuse, peça então para que ele chame a polícia. Jamais aceite a nota de volta, pois muito provavelmente ele a terá substituído por uma nota falsa e ficado com sua.

O pior golpe é do taxímetro adulterado. Já peguei um assim uma única vez. Se não quiser ter nenhum problema dessa natureza, o melhor a fazer é pegar um Remís, que é um táxi numerado, mais seguro e mais caro. Mas eu reforço que não tenho tido problemas com os táxis convencionais.

Ônibus


Para pegar ônibus é preciso ter moedas ou o cartão Sube. Os ônibus não têm cobradores e o pagamento é automatizado e as caixas automáticas só aceitam moedinhas. Então fica difícil para quem está chegando de viagem utilizar esse meio de transporte. Mas se quiser, entre no site http://mapa.buenosaires.gob.ar/ coloque seu destino de origem e para onde vai e veja qual linha utilizar. Veja também o post Pra lá e para cá sem carro em Buenos Aires.

Acho que coloquei todo o necessário, mas se tiver mais alguma dúvida, comente esse post que vou tentando responder.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Lujan, Temaikén e Zoo de BAires: a vida selvagem na Argentina

Confesso que adoro um zoológico. Mesmo, algumas vezes, penalizada por estarem presos e não no seu habitat natural, adoro admirá-los, conhecer seus hábitos. É coisa que vem lá da minha infância, dos livros sobre curiosidades animais que meu pai me dava para ler e dos incansáveis passeios aos jardins zoológicos que íamos sempre, em todos os lugares que visitávamos. É, sou da época que circo tinha animal e que todo mundo queria ver o show do domador (céus! Éramos quase bárbaros!).

Zoo de Buenos Aires: fácil acesso 
Portanto, esteja onde estiver, se tem zoológico, eu vou conhecer. E a Argentina tem muitos, para todos os gostos. Em Buenos Aires há o zoológico da cidade, na Avenida El Libertador, em frente ao Monumento aos Espanhóis, que estende até a Plaza Itália, podendo ingressar pelos dois lados. É um bom passeio para as crianças, que podem dar ração aos veadinhos e afins. Tem quase todos os big fives – elefante, rinoceronte, leão, leopardo (não me lembro de ter visto o búfalo) – viveiros de aves e um aquário com shows de lobos marinhos, que você precisa pagar a parte se quiser ver.

É bacana, de uma maneira geral está bem cuidado, é central, facilzinho de ir, bem no coração de Palermo. No entanto não tem nada de muito diferente dos zoológicos espalhados por ai. Mas se está procurando por uma experiência única no mundo animal, vai ter que sair da cidade.

Lujan: cara a cara com as feras

Ataque à minha inocente bolsa
Ali mesmo, na Plaza Itália, você pode pegar o coletivo 57 que vai te levar até o Zoológico de Lujan. Ai, sim você estará no caminho certo para sua aventura. Se preferir um pouco mais de conforto, opte por uma das vans que saem do centro, perto do Obelisco. Nesse caso, tem que fazer uma reserva por telefone (02323-436304 ou 02323-430372). A viagem demora, mais ou menos, uma hora.

Não vou entrar em polêmicas protecionistas dos animais, mas o fato é que neste zoológico você terá a oportunidade de entrar nas jaulas dos bichos. E não estou falando dos veadinhos e afins inofensivos. Estou falando dos leões, filhotes e adultos, e dos tigres, o que inclui um lindo, todo branco!
Eu e meu irmão com o tigre branco

Agora, se eles são dopados para que fiquem tranquilos durante as visitas (há quem diga isso), eu já não sei. Se colocam algo naquela mamadeira que eles oferecem o tempo todo para os bichos, isso eu também não sei informar. O que vi e registrei é que os “gatinhos” estavam, em sua maioria, acordados, eram alimentados com frango ou carne, o tempo todo, e aceitavam a presença dos estranhos para uma foto.

Leões brincam com cachorros
Inclusive me espantou a presença de cachorros nas jaulas junto com os “bichanos selvagens” numa convivência muito pacifica. Um pitbull brincava animadamente com um filhote de tigre logo na entrada e numa jaula, com uns quatro tigres adultos, um vira-latas parecia ser o dono do pedaço! Foi o que me animou a entrar também!
A administração do zoológico diz que os animais passam por um longo processo de amansamento e, realmente, nem todas as jaulas estavam disponíveis para visitação e é preciso seguir algumas recomendações. As crianças são proibidas de entrar porque os felinos podem pensar que são aperitivos. Até o meu sobrinho que tem 14 anos que é alto, mas é magrinho, não pode entrar na jaula dos animais adultos, só na dos filhotes.

Você também não pode fazer movimentos bruscos, nem por a mão na região do pescoço e cabeça e nem se posicionar na frente do animal para ser fotografado.

Os tratadores estão o tempo todo orientando o que pode ou não fazer e disciplinando a entrada do pessoa — três por vez. Mesmo assim isso não impediu que um filhote de tigre mais hiperativo atacasse a minha bolsa que ficou pendurada na entrada de uma das jaulas. Com um pulo e uma patada, a bolsa foi jogada no chão e se a tratadora não espanta o bichano, acho que ela não teria sobrevivido. Uma lhama mal educada perseguiu e cuspiu em mim. Senti algo pessoal.

O grande lance do Zoo de Lujan é isso: poder pegar e sentir os bichos e, se tiver azar, ser pegos por eles (espero sinceramente que não). Então, se você for daquelas pessoas que na minha terra a gente chama de “encagaçada”, não perca a viagem.
Fábio, meu filho, enfrentou os leões

O zoológico não é visualmente bonito e se o dia estiver chuvoso, desista, porque tudo vira um lamaçal. Lá dentro não há muitas opções de almoço. Só há um restaurante, com uma churrasqueira. O melhor é ir cedo, levar um lanche, passar toda a manhã no zoo e a tarde ir ao centro de Lujan, almoçar e aproveitar para conhecer a Basílica de Nossa Senhora de Lujan, padroeira da Argentina. A imagem da Santa, inclusive, é brasileira – foi feita em São Paulo.

Bioparque Temaikén

Mas voltando aos bichos, um outro programa imperdível é ir ao Temaikén, principalmente para a criançada e os adultos que não cresceram como eu. Reserve mais um dia de passeio porque o lugar é longe de Buenos Aires, fica em Escobar, e é grande. Você também pega o coletivo na Plaza Itália para ir até lá. Pode pegar o expresso e um semi-expresso. Peguei os dois e a única diferença que achei foi o preço porque o tempo foi de uma hora e meia, um pouco mais, um pouco menos.

Teimaikén é um bioparque e o diferencial dele é a beleza do espaço, muito bem cuidado, com boas praças de alimentação e conforto. O parque tem ambientações variadas para recriar o habitat natural dos bichos e é um convite à contemplação das espécies. Os viveiros são enormes e você entra para observar tucanos, araras e uma infinidade enorme de aves de pertinho, como se elas estivessem livres. O mesmo ocorre no espaço dos cangurus australianos, entre outros.

Os animais têm bastante espaço para reproduzirem os mesmos movimentos que fazem quando estão soltos na natureza. O parque também oferece atividades variadas em diferentes dias e horário, como por exemplo, a oportunidade de ver os tratadores alimentando os animais ou ainda fazendo demonstrações, jogos e palestras.
Apresentação das aves de rapina com participação do público

Os aquários são realmente uma atração a parte. Dá pra ver, por exemplo, o hipopótamo nadando e o quanto ele é enooooorme porque ele chega pertinho do vidro. Todos os sábados, das 14h45 a até às 15h45 mergulhadores entram em ação no aquário, que dá uma visão ampla do fundo do mar, de 180 graus. Eles alimentam tubarões e analisam o comportamento das espécies. Também é possível entrar no aquário e participar dessa atividade, pagando um valor adicional.
Shark Attack 

Se a visita é curta, fica até difícil de dizer o que abrir mão porque Lujan e Teimakén oferecem propostas tão diferentes que eu fico com os dois, apesar de achar o Temaikén muito mais bonito, aprazível e, digamos, “politicamente correto”. Mas em quantos lugares no mundo você poderia estar tão perto de um leão, sem o risco de cair na malha fina? Fica ai a dúvida da escolha para vocês.

É possível mergulhar no aquário!