quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Por uma vida sem excessos


Acabou. Hoje completei a última etapa da mudança ao deixar meu carro na transportadora, lá no fim do mundo. Estou exausta... Como juntamos coisas inúteis! Só de roupas minhas, aprontei uma caixa cheia para doação. Sapatos ocuparam outra caixa e se foram junto com lençóis e toalhas. E olhe que ainda estou pensando em desmanchar as três malas que estou levando para ver se vou realmente precisar daquilo tudo. 

E por que homem adora juntar papeizinhos? E como é difícil convencê-lo de que se em um ano ele nem se lembravam da existência daquilo é porque quando precisar, se precisar, também não saberá mais onde guardou. Essa é a lógica natural das coisas.

Foram quatro dias arrumando caixas, desmontando móveis, embalando. No final, eu já estava querendo dar até meus filhos de tão cansada de separar, avaliar se aquilo valeria ou não a pena guardar pelos próximos dois anos. Você começa achando que vai precisar de tudo e termina se perguntando por que juntou tanta tralha.

Guardar a louça inglesa da vovó é totalmente justificável, mas o que dizer de uma agenda eletrônica quebrada? Mas essas escolhas nem sempre têm muita lógica. Desfiz-me de coisas relativamente novas e de certo valor e guardei outras bugigangas porque simplesmente gosto. A minha tentativa de dopar Dona Maria, minha fiel escudeira, e colocar numa das caixas marcadas com "Argentina" também falhou, assim como falharam as tentativas de suborná-la e de chantatageá-la emocionalmente para que fosse comigo. 

É fato que seria muito mais fácil guardar tudo, até os papeizinhos. Mas como não aproveitar a oportunidade de passar a vida a limpo? Agora em janeiro completo 22 anos de casada. E imagina o tanto de coisas que adquiri, perdi, dei, vendi, joguei fora. E agora que precisava deixar tudo para trás, não iria pagar por volumes indesejáveis. Sim, porque você aluga e paga por metros cúbicos ocupados. Resultado: minhas coisas couberam em um box de 22 metros cúbicos. Um metro cúbico por cada ano de casada. Até que fui bem econômica.
Se aplicar a mesma proporção, terei dois metros cúbicos de mudança para trazer quando voltar de Buenos Aires. Vou preencher com vinhos!

É bem verdade que vendi bastante coisa. E foi a melhor decisão que tomei. Um enfeite a mais e a porta do box não teria fechado. Por mais que deixasse coisas para trás, parecia que mais caixas brotavam do chão. E tenho certeza que daqui a dois anos, quando abrir as caixas do depósito vou me perguntar: por que raios guardei isso?

Cheguei a conclusão que as melhores coisas são aquelas que você pode carregar no coração. O espaço é ilimitado, grátis e quando guardamos lá, nada envelhece. Mas mesmo assim é preciso escolher bem o que deve entrar porque depois, para tirar, dói. Então, nada de excessos. Faz mal a saúde.

2 comentários:

  1. Belo texto! Grandes verdades! Desejamos a vcs metros e metros da mais pura felicidade ao aventurar-se em terras estrangeiras. Mas...não traga apenas vinhos na volta. Uma passadinha pela feira de antiguidades de San Telmo, em pleno domingo e tudo resolvido! Muitos felizes metros cúbicos na volta! Bjs!
    Márcia Maranho

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  2. Hummm, temo que vou levar mais coisas... Pelo pouco que já andei e gostei, creio que terei problemas no retorno. rsrsrsrsrs

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