segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Mendoza Parte II: para comer e beber ou vice-versa


Faz tempo que estou devendo a segunda parte do meu post sobre Mendoza para falar, na realidade, da parte que mais interessa nesse destino: comer e beber, não necessariamente nesta mesma ordem. Apesar dos passeios incríveis que a cidade oferece, se você não gosta de um bom vinho, a viagem perde um pouco da graça e interesse porque é só lá é que você pode ver de perto e experimentar “in loco” os melhores Malbec produzidos no mundo.

A localidade de Lujan de Cuyo, onde estão as principais vinícolas da região, foi a primeira zona produtora das uvas Malbec na Argentina. O solo desértico, a altitude e o clima formaram uma combinação perfeita para o desenvolvimento da vinicultura e é lá que estão 70% das bodegas que recebem turistas no país.

Aliado a um bom vinho está a boa mesa, sempre. Uma coisa puxa a outra. E não há como ir a Mendoza sem, ao menos, experimentar um dos menus de passos oferecidos por algumas das vinícolas, no qual todos os pratos estão harmonizados com os vários vinhos produzidos no local.

Zuccardi em oito surpresas



A minha opção foi pelo vinhedo da Família Zuccardi, primeiro pela qualidade dos vinhos, logicamente, e depois porque a bodega oferece uma boa estrutura para receber turistas – uma das melhores, eu diria. A Casa del Visitante oferece uma infinidade de atividades relacionadas com os vinhos e os azeites produzidos alí, passeios que vão desde uma tradicional visita guiada com degustação até outros mais elaborados como um piquenique em um balão que sobrevoa um dos vinhedos. Mas se você tem medo de altura, não importa porque há opções de passeios em bicicleta e carros antigos. Tudo bastante atrativo.

Dependendo do período é possível ainda participar da colheita ou da poda dos parreirais também. Faça as reservas com antecedência pelo site do vinhedo, que funciona muito bem, com bom atendimento e presteza.

Minha opção foi pelo menu de 8 passos harmonizado (tem de até 12 passos) oferecido pelo restaurante da casa. E não me arrependi. Foi lá que tive uma das melhores experiências sensoriais na Argentina. E olha que tive muitas.

O menu muda conforme a estação do ano e os pratos são cuidadosamente estudados para combinar com as bebidas produzidas pela vinícola, com entradas com toques cítricos, como os nhoques de açafrão e laranja com fumet de truta al perfume de hinojo, para combinar com o Chardonnay e depois indo para carnes mais fortes para combinar com os tintos, destacando filé de porco grelhado, risoto de quinoa com tomates confit cogumelos e pontas de aspargos, com o Zuccardi Q Tempranillo. O mais surpreendente entre as sobremesas foi a tartelete feita de azeitonas negras recheada de humita (que como uma canjica, ou cural), com pipoca ao curry e sorvete de milho. Mas todos os outros cinco pratos estavam divinos e bem finalizados e apresentação impecável.

Pela sequência de foto dá para ter uma ideia do que estou contanto.




Maravilhas do 1884

Também é impossível ir a Mendoza e não conhecer o 1884, que fica dentro da Bodega Escorihuela, uma das mais antigas da região e tem no nome do restaurante a sua data de inauguração. Pelas mãos do renomado chef argentino Francis Mallmann, o restaurante já foi considerado o sétimo melhor do mundo na lista S. Pellegrino World’s 50 Best Restaurants, ranking anual feito pela revista britânica Restaurant Magazine.



O lugar é lindo, com uma arquitetura espanhola e com um jardim encantador, além de um forno imenso onde é possível, dependendo do horário, vê-lo em pleno funcionamento. Mallmann é considerado o rei da parrilla e domina a arte do fogo como poucos. Portanto, o cardápio oferece o que a Argentina tem de melhor: carnes de excelentes cortes, assadas no ponto certo. E, de minha parte, posso testemunhar que comi além de um porco suculento que nem parecia porco e, de sobremesa, o melhor Volcan de Dulce de Leche da minha vida, que vem com sorvete de doce de leite e uma "cucharada" do próprio. Muito doce? Também pensei que seria, mas estava equilibradíssimo, para meu espanto.



Perdi a cabeça

Mas nem só das vinícolas vive a gastronomia mendocina. A cidade e os arredores estão cheios de boas opções gourmets. Uma grata surpresa foi ter conhecido o Maria Antonieta, da chef Vanina Chimeno, restaurante que fica do ladinho do hotel Diplomatic, onde eu estava hospedada.

Cria do próprio Francis Mallmann, com quem debutou na cozinha profissional, Vanina trouxe para seu bistrô de forte inspiração francesa, daí o nome. O ponto alto são os ingredientes frescos e pratos corretamente elaborados, de forma simples – uma cozinha sem muitos mistérios, mas nem por isso sem graça.


Além disso, tem um menu versátil e oferece de café da manhã, muito bem comentado por sinal, até jantar. Tudo servido com muito charme. A cozinha também é abera, sendo uma ótima opção para quem curte a arte de cozinhar porque se sentar na parte de dentro dá pra ver de pertinho os cozinheiros trabalhando. Do lado de fora, o charme das mesinhas na calçada.

Fora esses três que comentei porque experimentei pessoalmente, eu listaria ainda o Azafrán, que passei pela frente e achei um charme (fica pertinho do Maria Antonieta). Mas faltou tempo e estômago para experimentar tanta coisa boa.

Veja também a Mendoza Parte I: Alta Montanha.




Nenhum comentário:

Postar um comentário