quinta-feira, 4 de julho de 2013

Muitos motivos para ir (e voltar) a Bariloche



Paisagens de tirar o fôlego
Em julho começa a alta temporada de inverno em Bariloche. Ou seria “Brasiloche”? Nessa época do ano os brasileiros lotam a cidade argentina sem a menor cerimônia, o que fazem muito bem, porque o lugar é perto, lindo de doer e a argentina está em conta para a gente.Vale a viagem! Os argentinos estão tão acostumados com os brasileiros por lá, que já entendem tudo o que falamos e se esforçam para falar um portunhol manco.

Esqui-bunda para garotada 
Atenção para a qualidade das roupas para neve
Bariloche está totalmente recuperada depois da erupção do vulcão Puyehue em junho de 2011 e o número de brasileiros na cidade já é 20% maior que no ano passado. Para quem nunca viu neve, o espetáculo é garantido. E se estiver bem preparado para o frio e de posse de informações importantes, as chances de ter uma experiência positivamente inesquecível são de 100%. Agora, se for um despreparado, é capaz de passar por alguns dessabores e tornar o encontro com a neve algo traumático.

Como eu estava bem, só tenho motivos para querer voltar. Ainda me lembro de quando era criança e fui a Nova York pela primeira vez, no inverno. Peguei um frio tão grande e sem qualquer preparo, que perdi o interesse pela viagem e me enfiava em todas as lojas por conta da calefação. Era um vento que me cortava a alma. Passei anos sem querer voltar e só depois de adulta pude desfazer a péssima lembrança.

O frio de Bariloche é desses de cortar a alma. Mesmo na cidade. Portanto, vá preparado não apenas para esquiar na neve, mas para andar pelas ruas na cidade. Fui agora no final de junho e peguei neve, chuva e temperaturas abaixo de zero. E a alta temporada nem tinha chegado.

Aluguel de roupas de esqui e compras

Você não precisa comprar roupas de esqui se a sua intenção for meramente recreativa. Em Bariloche é possível alugar o equipamento completo em várias lojas no centro. A todo o momento tem alguém te oferecendo. Há muita diferença de preço entre uma loja e outra e de qualidade também, lógico, então pesquise. Não pense que poderá economizar e ir com suas roupas normais porque sua avareza será castigada: terá as roupas ensopadas e morrerá de frio, mesmo que sua intensão seja só olhar a neve.

Vista do pé do Cerro Catedral 
As roupas são basicamente iguais – casacos e calças ou macacão, luvas e botas – mas as botas, essas fazem a diferença. Procure as que têm solado de borracha ou correrá o risco de escorregar e se machucar feio. A maioria oferece botas pretas com solado plástico, com clavas, mas não são boas. Meu filho sentiu a diferença na pele, ou melhor, na bunda – caiu e está com suspeita de ter fraturado o cóccix. Se puder alugar óculos também, melhor ainda.

O aluguel é cobrado por diária, em espécie, e sai mais barato alugar tudo em um mesmo lugar do que optar por pegar peças separadas. Quanto maior for o tempo de aluguel, menos se paga. No comércio muitas lojas aceitam real como pagamento ou dólar (mas tem que ver se o câmbio vale a pena, se for o mesmo que é aplicado no oficial, pague em pesos porque a defasagem entre o oficial e o paralelo é grande!). Cartão internacional só em caso de extrema necessidade.

Agora, se preferir ter sua própria indumentária, passe antes por Buenos Aires e vá a Calle Forest, 400. Lá tem uma pequena concentração de lojas de fábricas de casacos (também impermeáveis), camisas térmicas, corta-vento, coletes e etc. As térmicas são boas de comprar porque essas não há para alugar. Leve um casaco convencional bom para a cidade.

Diplomacia brasileira 

Hotel Fazenda Carioca: um pedacinho do Brasil
Entre os muitos hotéis, hospedarias e cabanas em Bariloche encontrei um verdadeiro cantinho brasileiro: o hotel Fazenda Carioca, uma dica preciosa da minha amiga Daniela Brauer. O nome logo denuncia que tem dedo brazuca e a bandeira brasileira, no hall de entrada, entrega de vez, se é que ainda restava alguma dúvida.

A casa é linda e enorme já foi a residência do consul brasileiro em Bariloche. Seu filho, criado no local e apaixonado pelo lugar, comprou a propriedade e fundou o hotel. Sorte para os hóspedes que podem desfrutar de acomodações muito confortáveis, espaçosas e de uma deslumbrante vista panorâmica do lago Nahuel Huapi e da cordilheira. É impagável ver o amanhecer enquanto se desfruta o café da manhã, aliás, muito bem servido. Além do dono, o pessoal da recepção ainda arrasta um português.

Área da recepção e restaurante com vista panorâmica
O hotel não fica perto da cidade, mas o contato direto com a natureza e a tranquilidade do lugar, que conta com dois hectares de jardins e bosque, compensa qualquer coisa. Mas se o objetivo é economizar com deslocamentos, aconselho a ficar em algum hotel do centro.  

Passeios: dicas e cuidados 

Subida ao Campanario
É claro que quem vai para Bariloche quer ver neve, esquiar, fazer esqui-bunda, e isso fica fora da cidade. Dois lugares que não podem deixar de ser vistos: Cerro Catedral e Piedras Blancas. Para quem nunca foi a essa região, vale fazer o que eles chamam de Circuito Chico, que é vendido pelas agências locais. Ele envolve alguns dos pontos mais interessantes e o roteiro inclui uma volta pelas principais “praias” do lago Lago Nahuel Huapi, o Hotel Llao Llao, uma parada na fábrica de Rosa Mosqueta, o Cerro Campanario e o Cerro Catedral.
Surra de neve no Campanario, farra, mas vista prejudicada

Agora, atenção: o preço que é cobrado pelo passeio só inclui o transporte e o guia local. Não inclui as subidas aos Cerros Campanario e Catedral, que você precisa pagar a parte. Não é barato e é pago em espécie, na hora, e isso não nos foi avisado. Portanto, leve dinheiro ou perderá o melhor da festa.

O roteiro leva o dia inteiro e pode ser entediante para a molecada, que quer é brincar na neve. Então, se já conhece esse roteiro e quer economizar e eliminar os entretantos, vá direto ao Centro Cívico da cidade, onde está a Secretaria de Turismo e pegue lá folhetos, mapas e o guia de todas as linhas de ônibus locais e horários. Assim, você poderá visitar todas as atrações, pagando muito menos e escolher o que pretende fazer. Ta aí, um dos meus motivos para querer voltar.

Subidas não estão inclusas nos passeios
Para saber como ir ao Cerro Catedral de ônibus, que é a principal atração, acesse o site da empresa de micro-ônibus 3 de Mayo e veja os horários. Tem outras empresas na lista da prefeitura. Reserve um dia para esse passeio. Lição aprendida para minha próxima ida.

O Cerro Catedral é o centro de inverno mais importante da América do Sul e oferece uma ampla infraestrutura de serviços para a prática de todas as modalidades de esqui e outros esportes invernais. É a Disneylândia da garotada ávida por se esbaldar na neve! E para os menos dispostos, há a possibilidade de comer um cordeiro patagônico enquanto aprecia a vista linda do pé da serra.
Cerro Catedral pronto para a alta temporada

No Cerro Otto está o complexo Piedras Blancas, onde também é possível fazer esqui-bunda e esqui convencional, inclusive tomar aulas. Você pode escolher entre cinco pistas e para quem só vai acompanhar a farra é possível optar por fazer o passeio no teleférico e ficar na parte mais baixa, onde há estrutura com um café ou pegar o pacote completo com direito a descer até seis vezes na pista. 
Na estação do teleférico Cerro Otto, que se pega no Km 5 da Avenida Pioneiros, se acessa a confeitaria giratória, única da argentina. No Campanario está uma das sete vistas panorâmicas mais bonitas do mundo. E tive sorte. Começou a nevar minutos depois que chegamos no alto, mas se por um lado meu primeiro contato com uma chuva de neve foi emocionante, por outro, o mal tempo impediu uma vista mais ampla da paisagem. Mas valeu muito! Lá também tem uma cafeteria com calefação para esquentar as mãos e um reconfortante chocolate quente.

Para quem vai passar mais dias, tem muitos passeios para serem feitos. Mais e menos radicais. Desde um parque com esculturas gigantescas e realistas de dinossauros até caminhadas com aquelas raquetes para neve. Na secretaria você pode se informar de todos eles.

Para comer e beber

Mamuschka: clima de Natal em pleno junho
Os chocolates são a marca registrada de Bariloche por conta da colônia suíça. Mas não se iluda, o cacau é do Brasil ou da Colômbia porque a Argentina não produz a fruta. Mas a receita vem mesmo dos alpes. E há mais de 10 fábricas de chocolates para você escolher. A Mamuschka e a Rapa-Nuí têm as lojas maiores e mais bonitas. A Chocolate do Turista é enorme, mas não nos foi recomendada por usar mais gordura na fabricação.

Vem da colônia suíça também o tradicional curanto, que quer dizer “pedra quente”. A iguaria é feita pelos colonos somente às quartas e aos domingos. Para o preparo cava-se um buraco, onde é colocado fogo para aquecer as pedras e os alimentos são cozidos sobre elas. Fecha-se o buraco com folhas, serragem e terra. E enquanto cozinha, a festa vai acontecendo. Queria ter experimentado, mas voltei antes e vou ter que me programar para a próxima. Mais um motivo para voltar!
Fondue de queijo para dois no La Marmite

Restaurantes há muitos e de variadas especialidades. Além do cordeiro patagônico servido em quase todo lugar, não deixe de experimentar um prato de cerdo, javali, truta ou salmão, que é o que há de melhor por lá.

Recomendo o restaurante Família Weiss, que fica em frente à Catedral, para pratos de caça e um bom vinho; o Boliche de Alberto (tanto o de carnes quanto o de massas, são muito bons e com bons preços) e o La Marmite, de fondue – com ótima ambientação e muito aconchegante. Dica da minha amiga Dani, que não costuma errar, para um cordeiro patagônico, é o El Patacon. Não pude averiguar, acabei comendo o meu numa parrilla em Cerro Catedral. Não foi ruim, mas achei pouco e nem foi barato, mas definitivamente terei que voltar para experimentar esse.

Serviço

Secretaria de Turismo Bariloche
0294 4429850
www.barilocheturismo.gob.br

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