segunda-feira, 27 de maio de 2013

Para lá e para cá sem carro em BAires

Carteira de motorista só para emergências e cartão Sube,
meu companheiro de todos os dias.
 Quando vim para Buenos Aires, decidi, em acordo com meu marido, que venderíamos o nosso carro e não teríamos nenhum outro aqui. Tomamos essa decisão depois de conversarmos com algumas pessoas que estavam morando na capital argentina. Em primeiro lugar, a carteira de motorista brasileira não é válida aqui e o seguro normal não cobre sinistros ocorridos fora do território nacional e nem seguradoras locais poderiam nos cobrir. Para sua carteira valer, você precisa ter a tal Carta Verde ( é o seguro obrigatório para automóveis quando em viagem para países do Mercosul).

Até que não é difícil tirar ou validar sua carteira aqui. É burocrático, mas não é impossível (veja aqui como tirar sua carteira de motorista). E até já tirei a minha para alguma necessidade. O mais interessante, que se torna uma grande facilidade, é que, ao contrário do Brasil, na Argentina não é obrigatório entrar numa autoescola, mesmo para aqueles que terão sua habilitação pela primeira vez.

Sei de brasileiros que estão aqui dirigindo sem problemas com a tal Carta Verde, mas tem uma validade e tem que fazer a relação custo/benefício. Se muitas vezes sofremos para acionar nossas seguradoras dentro dos limites nacionais, o que dirá à distância. E o trânsito aqui também não é fácil. Não sei... Achei que seria um risco desnecessário dirigir. Então, preferi não arriscar e acreditar que poderia sobreviver sem esse conforto por dois anos. Não me arrependi, até agora. E olha que sempre tive carro e, por muitos anos, até motorista.

Buenos Aires não é Londres em questão de transporte público, mas está longe de ser o Brasil – que é caótico na questão de mobilidade urbana. Infelizmente, o ônibus aqui também é o transporte preferencial, mas não é o único. A cidade é bem servida pelo metrô, que é centenário, mas é efetivo. E, apesar dos baixos investimentos do governo nos trens, eles ainda atendem bem a cidade.

Usando o transporte público

Para os brasileiros que estão visitando a BAires, o táxi resolve todos os seus problemas. É fácil pegá-los, tem aos borbotões, e barato, se comparado com o que é cobrado no Brasil. Recebi muitos alertas sobre taxistas golpistas, mas não tive a infelicidade de me deparar com nenhum deles. Ao contrário de quando estive no Chile, onde esse problema é quase uma epidemia. No entanto, se está no aeroporto com malas, o mais indicado é que opte pelos Remis, que são táxis numerados, considerados mais seguros.

Para quem mora em Buenos Aires, tendo em vista que o transporte público é subsidiado pelo governo e, portanto, é muito barato, táxi mesmo só para ocasiões especiais. Antes de partir para ele, tente ônibus, metrô ou trem. Para saber como ir até um determinado lugar, consulte um site chamado Viaja Fácil, que mostra todas as linhas de ônibus, metrô e trens que você pode pegar, informando, inclusive, tempo de duração do deslocamento de cada meio de transporte. Tem outro que eu sempre consulto e está sempre atualizado que é da prefeitura, é o Mapa de Buenos Aires.

Antes de mais nada, adquira em qualquer agência dos Correios Argentinos (pode usar o passaporte) um cartão Sube ((Sistema Único de Boleto Electrónico). Você paga uns ARG$ 15,00 pela “tarjeta” e o carrega com a quantidade de créditos que deseja. Com ele você pode pagar ônibus, metrô e trem. Se não tiver o Sub, pegar ônibus fica problemático porque os coletivos não têm cobrador, o motorista é quem cobra a sua passagem diretamente no cartão, descontando o valor , que varia conforme o seu destino, e se você não o tiver, terá que pagar, em moedas, diretamente na maquininha. E o preço da passagem dobra. O que não quer dizer nenhum absurdo porque a passagem mais cara, com cartão Sub, vale ARG$ 2,00 (não chega a um Real!!!) e em moedas sai a ARG$ 3,50. É mais difícil ter as moedas.

A frota é bem conservada, todos os coletivos são adaptados para receber cadeirantes, mas os motoristas fizeram cursinho no Brasil e não são nada simpáticos e também queimam paradas. Outro probleminha é que não há uma boa logística de horários. Às vezes demora a passar o ônibus que você quer e quando menos espera chegam uns três, de uma vez só, para você escolher, em comboio. Vai entender...

Os ônibus aqui também lotam, mas não vai ninguém pendurado na porta e o argentino é um ótimo remédio para os caras-de-paus que ocupam os assentos reservados para idosos, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida. Você até pode sentar, mas se chegar um ocupante, não tenha dúvida que, se não ele próprio, alguém solidário vai lhe “cutucar” e pedir “carinhosamente” que se levante, se você não o fizer de livre e espontânea vontade. E nem adianta fingir que está dormindo. Os outros passageiros também não estão livres de terem seus assentos confiscados por alguém que vai pedir, em alto e bom som, se não tem alguém que ceda o lugar para alguma mãe com seu filho ou velhinho. E como tem velhinho andando de ônibus aqui! 

Música e cultura

O metrô tem a tarifa mais alta e, tirando a linha A, que foi modernizada recentemente, a maioria dos trens é bem velha, está pichada e não tem ar-condicionado. As estações são centenárias também, mas, mesmo sem grandes confortos, funciona bem e, o que é melhor, cobre boa parte da cidade, sendo uma opção rápida. Com a crise econômica é comum encontrar ambulantes nos vagões vendendo “de um tudo”. Eles entram e jogam no seu colo o produto e depois saem recolhendo o dinheiro ou o artigo de volta. Já fiz boas compras no metrô. 

Cena cotidiana: pessoas lendo no subte a caminho do trabalho
Também não será difícil que a sua viagem seja musical (veja esse vídeo, vale a pena!). É comum o vagão ser invadido por músicos dos mais diferentes estilos musicais e de grandes talentos. Mas, incrivelmente, ainda não vi em nenhum lugar da Argentina as malditas bandas pífanos peruanas, o que não deixa de ser curioso e um alívio (oh, coisinha chata...). Também é uma grande oportunidade de enriquecimento cultural porque todos aproveitam as viagens de coletivo e de metrô para ler (já estou no meu quarto livro, de março até aqui). 

Não posso falar muito dos trens porque quase não os pego. Só utilizei uma vez e para ir ao Tigre. E fui bem servida. Mas é uma linha turística e por isso não serve como referência. Dentro da capital, não os usei e os argentinos reclamam muito da falta de manutenção, o que é uma pena porque para mim ônibus nunca foi nem será transporte de massa. Mas são quatro terminais ferroviários - Retiro, Constitución, Once e Federico Lacroze - que conectam a Cidade de Buenos Aires com os subúrbios e outras cidades da Argentina.

No mais, tenho andado muito e de transporte próprio mesmo só tenho uma bicicleta. Cada um aqui em casa ganhou uma. Uso para ir ao supermercado, academia, passear e até mesmo para a aula de espanhol que é mais longe. E quer saber? Estou adorando. Entrei na onda verde, sustentável e dos sem preguiça. Morar no exterior não é sair da sua zona de conforto? Então, tá.

2 comentários:

  1. Boa tarde Martha, estaremos em buenos aires a partir de 01 de janeiro. Desejamos adquirir esse cartão para os ônibus e trens.. Basta ir no correio e apresentar identidade? não temos passaporte. Vamos ficar 09 dias. O cartão é individual ou ele pode ser usado concomitantemente por duas pessoas? Um abraço. Gil Melo.

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    1. Olá Gil,
      O cartão Sub pode ser comprado também em alguns postos montados nos shoppings. Sei que tem na Galeria Pacífico. Pode usar sua identidade. Vc pode usar para pagar a passagem de quem vc quiser, desde que tenha crédito suficiente. Vc pode carregar o cartão em alguns kioscos e casa lotéricas. Boa viagem!

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