sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Para não dizer que não falei das flores...

Ponte curva do Jardin Japonês
Buenos Aires é repleta de praças, parques e jardins e eles constituem um traço marcante no estilo de vida da cidade. O portenho se apropria com muita desenvoltura desses espaços. Seja qual for a estação, basta que o sol aponte no céu que haverá, sem dúvida, um argentino estirado na grama fazendo a “ciesta”, tomando um mate, praticando alguma atividade esportiva ou brincando com seu cão. E especialmente nessa época do ano, quando a primavera traz dias com temperaturas mais quentes, cada espaço de grama torna-se tão disputado quanto as areias do Leblon.

Jardim de bonsais
Entre tantas opções para conhecer e desfrutar, eu destacaria dois espaços que eu considero verdadeiros oásis em meio ao burburinho de Palermo: o Jardín Japones e o Rosedal, todos dois são extensões do Parque 3 de Febrero, o mais importante da cidade. Não é possível passar por Buenos Aires e não reservar um dia para visita-los. Mais protegidos, com acessos monitorados, os dois jardins estão muito bem conservados. Neles não é possível fazer piqueniques ou passear com animais, como é facultado na maioria dos parques locais, mas são lugares essencialmente para contemplação.

Jardín Japones

Delicadeza das sakuras
Construído em 1967 por ocasião da visita à Argentina do então Príncipe herdeiro Akihito, atual Imperador do Japão, é no Jardín Japones que se desenvolve uma série de atividades para promoção da cultura japonesa em Buenos Aires e sua agenda é sempre muito variada. Vale conferir.

A entrada é paga e é revertida para a Fundación Cultural Argentino Japonesa, que administra o espaço, declarado em 2008 “Bien de Interés Histórico- Artístico Nacional”.

Como em todo jardim japonês, nada está ali por acaso. Tudo tem um sentido, uma explicação, com o intuito final de proporcionar equilíbrio. Tem pontezinha, ilhas, muitos laguinhos, carpas e mais carpas, elementos tradicionais da cultura japonesa como o bonsai, as lanternas e um pagode de pedra de 13 andares, peça usada para adornar templos budistas e guardar relíquias. E claro, não poderia faltar, um corredor de sakuras. Se tiver a sorte de pegá-las floridas, ai, então, a beleza é completa. Eu peguei em julho.

Dentro do jardim tem lanchonetes e uma casa de chá, que funciona como restaurante típico, muito bom, que vale principalmente pelo ambiente e pelos chás: experimente o verde com jasmim e o de trigo tostado.
Mais de 14 mil espécies de rosas

Rosedal

Numa área de três hectares dentro da Plaza Holanda, cercada e rodeada pelo lago, está o Rosedal. Com mais de 14 mil rosais de variedades diferentes, das quais algumas espécies florescem o ano todo, é logicamente na primavera que o jardim esbanja exuberância. Sua visita no dia 21 de setembro é quase obrigatória para os argentinos.

Por trás de tanta beleza há uma explicação histórica para esse jardim de rosas. Antes mesmo de sua criação, o local já era conhecido como Rosedal porque era ali que, em 1852, estava a casa do então governador de Buenos Aires, Juan Manuel de Rosas. Com a sua queda, depois da conhecida Batalha de 3 de Febrero, da qual o Brasil fez parte junto com o Uruguai, a casa foi demolida para dar espaço ao rosal.

Puente dos Enamorados
Para acessá-lo, é preciso passar pela Puente de los Enamorados, toda branca, em estilo grego, faz um conjunto arquitetônico pra lá de romântico com as pérgulas do Pátio Andaluz. O pátio foi um presente da cidade Sevilha em 1929. A entrada no Rosedal é franca.

Símbolo do amor, o Rosedal também resguarda o Jardin de los Poetas, onde estão 25 esculturas de escritores famosos no mundo, entre os quais Shakespeare, Dante Alighieri, Garcia Lorca. Fiquei imaginando que aquele poderia ser o jardim cantado por Cartola, afinal ele eternizou muito bem essa relação entre o amor e as rosas.



sábado, 7 de setembro de 2013

Amigos de aluguel

Se você me perguntar se quero viajar, antes mesmo de conseguir terminar a frase eu já estarei com as malas prontas. Mas se tem algo que me desanima totalmente é a tal da viagem em excursão. A não ser que seja um grupo de amigos e que a “juntada” não dure mais do que um final de semana, qualquer ideia de seguir um grupo de pessoas estranhas que fazem tudo igual, visitam as mesmas coisas, comem nos mesmo lugares e tem horário contado para visitar até museu, me parece tudo, menos sinônimo de algo legal.

Quando vou a algum lugar procuro dicas de quem já foi, blogs, matérias especializadas e monto roteiros de onde ir, o que comer, onde se hospedar para tentar viver uma experiência mais próxima da realidade local. Mas a melhor viagem é sempre aquela que a gente pode contar com um amigo "da área". Estar com alguém que conhece “as boas” do lugar, o que está em alta, as “furadas” e poder mergulhar no universo dos costumes locais, fazer e comer coisas que os nativos fazem e comem é, para mim, uma experiência que não tem preço. Mas a verdade é que tem.


É possível ter um amigo local em muitos dos destinos internacionais mais cobiçados, incluindo Buenos Aires, e até muitos estados brasileiros.Basta alugar um. Isso mesmo, procure um serviço de um Rental Local Friend – um amigo de aluguel que pode fazer um roteiro sob medida para seus interesses, desvendando segredos e curiosidades do destino. No site é possível selecionar amigos a partir do seu destino, língua e interesses em comum. Por US$ 100 dá para fazer um roteiro com um Local Friend na capital argentina.

Se você quiser ir mais além nesse mergulho na cultura local, que tal ir jantar ou almoçar na casa de um autêntico nativo? Não conhecer alguém que lhe convide não é mais problema. Hoje em dia já é possível viver a experiência de comer algo típico em uma autêntica casa de um local para descobrir mais sobre seus costumes e gostos, graças a uma comunidade global de pessoas que são amantes da boa mesa, e se dispuseram a abrir suas cozinhas para receber turistas, chamada EatWhith.

Em Buenos Aires é possível viver experiências como jantar na casa de um casal de argentinos dançarinos profissionais e ter uma aula exclusivíssima, enquanto experimenta delícias locais como empanadas, tapas, um assado. Tem gente especializada em pâtisserie, nas amadas “haburguesas”, milanesas, comida vegetariana e orgânica.

As duas ideias são geniais. E posso dizer, por experiência própria, que um lugar é de um jeito quando se vai como um turista comum e de outro, se tiver a felicidade de conhecer alguém que vive já há algum tempo por lá. É uma questão de querer conhecer a alma do lugar ou apenas se satisfazer com fotos de cartões postais. Se for possível fazer isso de forma “profissional” e ao mesmo tempo amistosa, melhor ainda!